Sedes santos, como vosso Pai do Céu é Santo


Caríssimos Irmãos:
Neste dia em que a Igreja celebra a solenidade de Todos os Santos, deve crescer em nossos corações o desejo de alcançarmos tão grande graça. A graça de contemplarmos a Deus face a face. Cristo com sua Paixão e Morte abriu as portas dos Céus para nós, quis que participássemos do seu Reino. O Senhor nos ama e por isso, morre pela remissão dos nossos pecados, para assim nos salvar. Diante de Deus, "Somos como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra. Entretanto, de todos tens compaixão, porque tudo podes. Fecha os olhos aos pecados dos homens para que se arrependam" (Sb. 11, 22-23). Vivemos isto intensamente quando nos confessamos. O Senhor mesmo sabendo que cometeremos as mesmas faltas, fecha os olhos para nos perdoar e assim, nos dá a graça, a força para lutar diante das dificuldades e tentações.
Em Cristo somos filhos de Deus, fazemos parte do seu Corpo Místico, isto é, a Igreja. Assim, já somos herdeiros do Reino, devemos apenas cultivar a vida de santidade que já temos em Cristo. Quando nos afastamos de Jesus e do seu corpo (a Igreja), nos distanciamos da graça e do Céu. Deus quer que sejamos santos, para isso enviou seu Filho, para que todos os que crerem nele não pereça, mas tenham a vida eterna. Somos membros do Corpo de Cristo, no qual a "cabeça" é o próprio Cristo. Assim, o Bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja. Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum. "Sancta sanctis!" (o que é santo para os que são santos): Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo (sancta), a fim de crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) comunicá-la ao mundo(Cf. CIC. 946-948).

São João na primeira leitura fala, "Estes são os que vêm da grande tribulação: lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro" (Ap. 7, 13). O caminho da santidade nem sempre é fácil, exigem uma luta diária e uma perseverança na fé em Cristo. Cristo diz que Ele é o Caminho (Cf. Jo. 14, 6), mas também diz que para seguir a Ele é necessário renunciar a si mesmo e tomar a nossa cruz. Precisamos ser fieis, não desanimar para que um dia possamos estar "diante do trono de Deus, servindo-o dia e noite em seu templo. Aquele que está sentado no trono estenderá sua tenda sobre eles: nunca mais terão fome, nem sede, o sol nunca mais os afligirá, nem qualquer calor ardente; pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, conduzindo-os até às fontes de água da vida. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos" (Ap. 7, 15-17).

Devemos procurar a face de Cristo, o salmista hoje nos diz o que devemos fazer para subir a montanha do Senhor, como devemos proceder para ganhamos o Reino dos Céus, "Quem pode subir à montanha do Senhor? Quem pode ficar de pé no seu lugar santo? Quem tem mãos inocentes e coração puro, e não se entrega à falsidade, nem faz juramentos para enganar. Ele obterá do Senhor a benção, e do seu Deus salvador a justiça." (Sl. 24 [23]). O Senhor Deus nos Céus nos cumulará de todo bem, de forma que não teremos nenhuma necessidade, se não ama-lo eternamente. Muitos de nós, embora ouçamos frequentemente a Palavra de Deus (o Evangelho), sentem nela pouco encanto: isso acontece por que não abrimos verdadeiramente o coração a Cristo. Quem quiser compreender e saborear plenamente as palavras de Cristo é preciso que procure conformar toda a sua vida à dele.

Na segunda leitura, São João fala do quanto o Senhor Deus nos ama a ponto de nos conceder o titulo de filhos seus, "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós serernos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é... Todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo como também elea é puro" (1Jo. 3, 1-3). João nos fala da esperança e da grandeza de ser acolhidos como filhos. Ser santo é viver esta intimidade com Deus nosso Pai. Somos filhos amados de Deus, o desejo dele é que sejamos santos, então este desejo deve ser também o nosso.

No Evangelho de hoje (Mt 5, 1-12a), Jesus é apresentado como "novo Moisés", ou o verdadeiro Moisés. Verdadeiro legislador, verdadeiro operador de milagres. Moisés no Sinai dá a Lei; Jesus no monte, dá a Nova Lei, que não se opõe ao Decálogo: "não vim abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mt 5,17). Segundo Jesus, a felicidade não está no conformar-se ao mundo, àquilo que o mundo espera de nós, "Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompense nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós" (Mt. 5, 11-12). Jesus diz que para ser verdadeiramente feliz é preciso estar disposto à sofrer. O mundo rejeita tudo aquilo que não é seu, nós não somos do mundo, somos de Deus. Devemos viver para Deus pois quem quer fruir o mundo, não pode fruir Deus.

"Felizes os mansos, porque ‘possuirão a terra" temos que entender terra como a "terra prometida", o Reino dos Céus. Nas Bem-aventuranças não se tem uma felicidade terrena. O prêmio é espiritual. Elas são o prêmio que se obtém com a luta, uma luta pacífica, segundo o Espírito. Jesus dá esse testemunho em sua vida. Antes de tudo, Jesus viveu essas bem-aventuranças. Ele é o exemplo perfeito de como devemos ser, daquilo que o homem dever ser diante de Deus "imitatio christi". No nosso coração deve arder o desejo de está ao lado de Deus nosso Pai, de cantar seus louvores e contemplá-lo tal como Ele é. Este foi o que motivou os santos, aos quais invocamos e festejamos neste dia. Eles a exemplo de Cristo Jesus souberam viver as bem-aventuranças, "pobreza em espirito, mansidão, misericórdia, pureza de coração, etc.".

Somos santos, graças ao amor do nosso Pai, que é santo por excelência. Devemos nos desapegar de tudo aquilo que nos afasta do caminho rumo à santidade. É sendo reflexo de Cristo que seremos santos; sendo pobres de espírito, mansos, humildes e misericordiosos que alcançaremos o Reino dos Céus. "Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor" (Jo 8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo (Cf. Imitação de Cristo Cap. 1).

Sabemos que sozinhos não conseguiremos viver estas virtudes, já que somos humanos, débeis, mas com a força da graça de Deus, podemos tornar possível tudo que aos olhos humanos é impossível. Peçamos então a Deus nosso Pai, "Sanctus Sanctorum et Dominus Dominorum" (o Santo dos santos e senhor dos senhores) que nos mostre em todos nossos dias, o que devemos fazer para trilharmos passo a passo o caminho que nos leva ao seu Coração. Que Maria Santíssima, que sempre fez a vontade de Deus e que com seu Fiat nos deu Cristo Jesus, possa interceder a seu Filho por nós e nos auxiliar nesta caminhada. Maria Mãe de Deus, rogai por nós. Amém.
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Acival Vidal de Oliveira
Seminarista 2º de Teologia
Diocese da Estância – SE/Brasil

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