A vida dos justos está nas mãos de Deus

Amados irmãos:
Hoje celebramos o dia dos fieis defuntos, aquele que partiram para casa do Pai. A Igreja não celebra hoje o "dia dos mortos", pois cremos que eles não estão mortos, mas vivem com Deus na eternidade. Não devemos encarar a morte como algo ruim, como o fim. Antes, devemos "deseja-la" ou tê-la como uma amiga, por que só por meio dela conseguiremos nos encontrar com Deus. São Paulo nos fala da morte como lucro, se viver já é um dom de Deus a morte é um ganho a mais, "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Cf. Fl. 1, 21). Os nossos corações de fato sente a dor da separação dos nossos entes queridos, entretanto o fato de saber que eles estão em paz com Deus deve nos alegrar, "A vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça, e sua partida do meio de nós, uma destruição; mas eles estão em paz" (Sb. 3, 1-3).
Cristo com sua paixão e morte abriu as portas dos Céus para nós, quis que participássemos do seu Reino "e a esperança não desaponta, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios" (Rm. 5,5-6). São Paulo nos diz que somos todos estrangeiros aqui na terra, por que o nosso lugar é o Céu, considerava a morte como ganho, por que só assim encontraria com Deus. É dessa forma que devemos pensar. É verdade que não teremos mais entre nós estas pessoas tão queridas (nossos entes falecidos), mas sabemos que estão com Deus, estão gozando das alegrias celestes e que um dia nos encontraremos também lá.
Devemos confiar na imensa misericórdia, no amor de Deus. Paulo nos diz que a Prova que o Senhor nos ama é que deu o seu Filho para morrer por nós (Cf. Rm. 5, 8). "fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho; quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida!". Jesus vem ao mundo para dar um novo sentido à vida. Veio mostrar que o verdadeiro sentido de viver estar em Deus. É por isso que mostra o quanto que é importante buscar as coisas do alto. Sua vida foi para nós um exemplo de como devemos aproveitar este dom tão precioso que o Pai nos deu. Meditávamos ontem as bem-aventuranças, elas nos indicam este caminho de desapego aos bem e as coisas materiais e a aspirar àquelas que não passam, que são eternas.
Muitas pessoas neste dia se entristecem em virtude das pessoas amadas que "perderam" e por esta data recordá-las. Todavia, não devemos esquecer de que é o próprio Cristo Jesus que nos assegura que se morremos com Ele também com Ele viveremos. O desejo de Deus é que todos nós alcancemos a vida eterna. Jesus no Evangelho de São João diz, "Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia" (Jo. 6, 40). Fala ainda que, "Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei" (Jo. 6, 37). Não devemos duvidar do Senhor que é compassivo e bom, antes, devemos nos lançar em seus braços e confiar a Ele os nossos caminhos. Deus é amor, nos ama e não permitirá que nenhum daqueles que o invoca lealmente se perca.
Não podemos esquecer hoje de Maria, ela que viu de perto, viveu e sabe o que significa o sofrimento. Entretanto, Maria nunca desanimou, sempre confiou em Deus e era esta confiança que lhe fortalecia e lhe iluminava quando tudo parecia escuro e perdido. Nos momentos em que seu filho mais precisou de um olhar de mãe, ela estava ali, de pé em silêncio, sofrendo com ele "Perto da Cruz de Jesus, permanecia de pé sua mãe" (Jo. 19,25). Que Maria Santíssima possa nos assistir hoje, junto a seu filho Jesus no alto dos Céus, que nos ajude a superar a dor das nossas perdas. Peçamos a Maria Santíssima que venha nos consolar, acalmar os nossos corações e nos mostrar a face do seu amado filho Jesus. Maria Mãe das Dores, rogai por nós. Amém.

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Acival Vidal de Oliveira
Seminarista 2º de Teologia
Diocese da Estância – SE/Brasil

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