Tocou-o e disse-lhe: Quero; sê purificado


(Mc. 1, 41)
Caríssimos irmãos:

Neste domingo a liturgia da palavra nos leva a refletir sobre as impurezas da nossa alma e a sua purificação. Encontramos no livro do Levítico (Lv. 13, 1-46) a descrição de algumas doenças que vitimava o povo de Israel. É preciso lembrar que para o povo daquela época a doença era sempre vista como causa do pecado, que é considerado como a desobediência ou infidelidade a Deus. Cabia aos Sacerdotes da época (Aarão e seus filhos [Cf. Lv. 13, 45]) fazer o reconhecimento da doença e se constatasse a veracidade de Lepra ou outra doença contagiosa o doente era considerado impuro, devendo deixar a comunidade, "enquanto durar a sua enfermidade, ficará impuro e, estando impuro, morará à parte: sua habitação será fora do acampamento" (Lv. 13, 46). É interessante esta relação entre pecado e doença que fazia o povo de Israel. De fato, quando pecamos tornamo-nos distantes não só dos nossos irmãos, da comunidade, mas também de Deus.
O pecado é uma doença pior que a lepra, porque corroem não o nosso corpo, mas a nossa alma. Os sacerdotes israelitas faziam um ritual de purificação para a pessoa afligida pela doença. Entretanto, a lepra do pecado não se pode purificar com ritual, se não por meio da Misericórdia Divina. É no sacramento da confissão que somos lavados e purificados de todos os nossos pecados.
Cristo no Sacramento da Penitência lava-nos e purifica-nos com o seu sangue. É por amor que Jesus perdoa nossas faltas dando-nos força para prosseguir. Sem a Graça e a Misericórdia Divina não seriamos mais do que um pobre moribundo ferido pelo pecado. No entanto, porque Ele nos ama e deu sua vida pela remissão dos nossos pecados, somos curados de todo mal. Cantamos no salmo de hoje, "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui à iniquidade, e em cujo espírito não há fraude" (Sl. 32). Somos realmente bem-aventurados, não por que mereçamos, mas porque somos amados por Deus. Devemos ter sempre esta consciência de que Deus nos ama e sempre nos acolhe como seus filhos. É preciso buscar a Deus enquanto estamos nesta caminhada terrena, para que uma vez purificados dos nossos pecados possamos entra no "acampamento dos santos", isto é, no Reino dos Céus, onde encontraremos com o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Na segunda leitura São Paulo nos exorta a ter uma vida honesta, coerente ao Evangelho de Jesus. Devemos agir retamente não para ser bem visto pelo os outros, mas para glória de Deus nosso Pai, "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Cor. 10, 31). O Apostolo ensina-nos a ser instrumento que edifica a vida da comunidade, diz que não devemos ser motivo de escândalo para os nossos irmãos nem para Igreja "Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus" (1Cor. 10, 32). Por fim nos fala que para viver retamente o Evangelho precisa olhar para Jesus e imita-lo, "Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo" (1Cor. 11, 1).
Chegamos ao Evangelho, São Marcos nos narra a cura de um leproso. Dividiremos este texto em dois momentos: o primeiro momento é como se dá a cura desde leproso. Ao contrário do Evangelho do domingo passado, não é Jesus que vai ao encontro deste homem, mas é ele que vem ao encontro do Senhor, "E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, tens o poder de purificar-me" (Mc. 1, 40). Na maioria das vezes que se narra no Evangelho uma cura operada por Jesus, se coloca em destaque a necessidade da fé daquele quer deseja ser curado. Neste texto percebemos claramente que o Leproso tinha fé em Jesus. Na sua suplica mostra o quanto é grande sua confiança, tem plena convicção que Jesus pode lhe curar, Se quiseres, tens o poder de purificar-me. Marcos fala que "Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê purificado" (Mc. 1, 41). O Senhor se compadece dos fracos e feridos pela vida, ama suas ovelhas vai ao encontro da desgarrada, toma nos braços aquela que se encontra ferida e cura suas chagas. O desejo que Jesus teve em ver aquele pobre leproso purificado de sua doença, é o mesmo desejo que tem hoje de ver-nos purificados de nossas imundícies, dos nossos pecados.
Um segundo momento do Evangelho que não podemos deixar passar despercebido é que, Jesus com seus gestos mostra a importância do cumprimento da lei de Moises, isto é, da lei que o Senhor deu a Moises, "mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho" (Mc. 1, 43). Jesus é a plenitude da lei, não veio abolir a lei, antes, veio fazer com que ela seja cumprida. Ele é Sumo Sacerdote do Pai, que veio ao mundo para purifica-lo de toda espécie de mal. É por isso que pede aquele leproso, agora curado, que vá oferecer aquilo que determinou Moisés. No nosso cotidiano nos deparamos com tantas pessoas que por causa do pecado tornaram-se doentes e amarguradas. Devemos assim como Jesus nos compadecer destes nossos irmãos, mostrar a eles a única fonte de cura, que é o próprio Cristo. Meus irmãos, também nós muitas vezes precisamos ser tocados e curados pelo o Senhor, para podermos outra vez entrar em intimidade com Deus, uma vez que o nosso pecado torna-nos incapazes de viver santamente como filhos de Deus. Imploremos a Maria Santíssima, ela que em toda sua vida terrena, viveu puramente seu chamado, que interceda a seu amado Filho Jesus por todos nós pobres pecadores. Maria Mãe dos pecadores, rogai por nós. Amém.

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Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil

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